segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Devorando-me

Não há espaço
nem de um passo,
apenas mãos,
pele,
abraços,
lábios...
Em um instante 
o mundo 
pode se desfazer
e apenas o agora
se fazer presente,
mas pode haver também
muito do sufocante ontem/amanhã...
É possível
ceder mais sanidade 
de quem já não se encontra 
em sua faixa?
É possível perder mais
quem já apostou
tudo?
Mas suas mãos 
não esperam 
que eu responda essas perguntas,
seus olhos imploram
que eu esqueça as respostas
e me jogue nesse abismo
de curiosa incerteza
sem medo de errar!

domingo, 30 de novembro de 2014

Caixinha Surpresa

Uma porta se abre
e finalmente
posso ver
o que hoje não possui
mais tanta
importância.
Não pesa,
não dói,
não machuca,
são apenas entulhos da lembrança
agora direcionados
para os devidos
lugares.
Mesmo que não haja
tanta bagunça
ainda há uma caixa,
vedada,
com a simples descrição:
"Arrisca-te?"
a qual faz
meu coração palpitar.
Darei eu
margem
a minha curiosidade?

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Despindo-te

É um muro
que se desfaz
tijolo por tijolo
diante dos meus olhos.
É avistar 
uma paisagem
antes apenas imaginada.
É descobrir 
que por trás
da barreira das aparências
existia apenas um corpo
preenchido somente
de movimento
sem sentir,
sem pensar.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Realidade Entediante

Os olhos estão abertos,
mas é como se
estivessem fechados...
As imagens que se formam 
são tão reais
que a realidade 
perturba,
abate.
Mas não é que a realidade
seja salobra,
mas sim o imaginário
que se torna 
cada vez mais saboroso.
Estaria perdida 
se vivesse nele,
mas
estaria menos entediada
que agora.

domingo, 26 de outubro de 2014

Dicotomia

Eu estava lá,
com ele,
sem conseguir olhar em seus olhos,
sem conseguir sentir sua mão,
sem saber o que sentia.

Ele estava lá,
tentando,
insistindo,
lutando contra a minha luta.

Achei que seria fácil,
o roteiro era simples,
por que, então, foi tão difícil
me manter no curso?
Por que foi tão difícil
vê-lo taciturno?

Sua insistência me fez pensar,
seus gestos me fizeram 
retroceder,
não sei mais 
o que jurava saber,
não possuo controle
dessa nova trama...
Só sei que outra coisa surgiu
algo no limiar
entre o desejo
e a curiosidade.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sem saber

Por que eu ainda me sinto assim?
Diante da vastidão que são meus sentimentos
me vejo perdida,
sem saber que rumo tomar,
novo caminho a trilhar
e até mesmo sem vontade de caminhar.

Como foi que cheguei aqui?
Olhando dois caminhos tão distintos
e não tendo a menor vontade
de desvendar nenhum.

Se olho para trás posso ver tantos ideais
dos quais não quero esquecer,
mas tão atrelados a sonhos que
não posso mais ter...
E se olho pra frente vejo um turbilhão
de desejos novos se formando,
mas mais atrelados ainda
a um passado
do qual não quero reviver.

Como escolher pra onde ir
se o vento da lembrança reluta
em ficar me empurrando
para os braços da incerteza?

Como eu posso voltar a
olhar pra você?
Como posso te dizer a verdade
sem te machucar?
Como eu devo escolher?

Como meu melhor refúgio
tornou-se um desamparo?
Quando o calor
ficou tão frio
e as palavras perderam sentido?

Por que eu não posso trilhar o caminho do meio?


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Irrealidade

É como se eu tivesse sonhado,
inventado uma realidade nunca existente
e de repente,
abruptamente acordei.
Acordei para um mundo onde
quem eu jurei conhecer
não passa de um fragmento
da realidade,
que a minha mente
criou pra mim,
e agora eu posso ver
que o sonho só aconteceu
entre as fronteiras do imaginar,
que nunca foi assim,
como meu coração rezou
para ser.
Hoje meu coração chora
o que os olhos não podem mais,
chora por ver que
a maior culpada
fui eu,
por não ter sido forte,
por deixar me levar,
por alimentar uma realidade errônea,
e agora sentir que
a saudade do irreal

deseja devorar-me...