Sonhar!

Um dia sonhei que a vida era quase um conto de fadas,

que as palavras do poeta 

mostravam o sentido agridoce da vida

e que o clichê ainda era moda...

Então aquele meu sonho que caminhava descalço, pobre, feliz e sozinho por uma estrada florida, cheia de mistério e magia

encontrou o teu,

que sem pedir nada em troca disse que mostraria às estrelas,

desvendaria os mistérios que regem o céu e a terra 

só para poder contar,

ensinaria como se planta uma árvore e

veriam ela dar frutos...

Um dia esse mesmo sonho resolveu apenas contemplar as árvores já crescidas pelo caminho,

colher dos frutos já caídos no chão,

dizer que as estrelas são apenas corpos luminosos no céu,

andar calçado

e afirmar que o que o poeta escreve só ele entende...

Meu sonho chorou,

chorou como uma criança que descobre que Papai Noel não existe,

mas chorou mais porque,

mesmo descobrindo a “verdade”

nunca foi capaz de para de sonhar!

O que vem de dentro é espontâneo

Se eu lhe pedisse seria mentira,

se minhas súplicas internas parassem apenas de gritar para si e gritassem para ti seria mentira,

se meus braços te apertassem um pouco mais quem seria esmagado é o meu coração,

se continuar a buscar seu calor só perceberei que o frio é cada vez maior,

se eu apenas continuar a observar apenas verei lágrimas...

Poderia acabar com tudo isso apenas com algumas sutis palavras, mas de que adiantaria se palavras são tão leves que o vento as levaria, as dissiparia, para além das memórias?! Por que sonhar com tesouros de terras distantes? Por que sonhar com coisas que mal sabemos se podemos ter?

O sonhador é aquele que consegue ver a grandeza dos céus e a beleza das estrelas, mas quando acorda pode apenas avistar o quão árida é a terra. Será que basta a terra árida ser segura? Será que um sonhador se contenta com apenas poder contemplar a firmeza da terra sem pensar em admirar as lindas estrelas do céu? Será que as estrelas não se tornarão tão pesadas que não conseguira mais carregá-las sobre sua cabeça? Por que com o tempo as frases se tornam perguntas e as coisas corriqueiras parecem que tem realmente importância?

Ah, vejo as horas passar...

Por que não levam junto meus pensamentos?

Você agora está ali, perto das mãos,

mas ainda está perto do coração?

Por que insistir, agricultor infame,

em adubar a terra que não é plantado sementes?

Por que escrever torto

por linhas certas?

Por que apenas ser egoísta e ignorar os sonhos de alguém que é visto (e parece que só você não vê) que não sabe deixar de sonhar?!